DUAS PLAQUETAS

DUAS PLAQUETAS

No peito do soldado semimorto,

Duas plaquetas sujas de alcatrão.

Têm o seu nome, o número e a nação

Que o identificam no aço frio e torto.

Miro e remiro os dados já absorto

Em ver o que fazer da informação:

A vida por um fio em minha mão

A dar, senão cuidado, algum conforto.

Em torniquete estanco o pouco sangue

E tento tirar o transe do olhar langue

Que se costuma a ter diante da morte.

Sem que dissesse nada, ele morreu.

E os dizeres das placas são quanto eu

Tenho para escrever de sua sorte.

Betim - 25 12 2017