MEU LOBO
Poetas mortos na estante me declamam
Seus versos mais impossíveis
E os passos no corredor percorrem
Em turba a nascente de meus alvitres.
Me fitam indiscretos os fanicos
Vestígios de tua senda, e sob a mesa
Pulsa teu nome, clama por um corpo.
Faltam-me meios, sobram-te o débil alopro.
Oculto teus signos, teus traços indizíveis
Curvas arquitetadas, silhuetas que aludem
Veronicas fremitas que a meia-luz confundem.
Meu lobo dócil, diz-me tua canção de sorte
Diz-me a tua duração finita, se quando tua vida
Se quando minha consumada morte.