INÉRCIA
As horas vão formando o monumento
que lentamente aos olhos envelhece.
Os dias se repetem, movimento,
vão seguindo - um cortejo mais parece.
O tempo, antropofágico, sedento
por sonhos e ilusões desaparece.
Sem percebermos leva num momento
quem fomos e o que somos desfalece.
Os olhos vão cegando em meio ao nada...
denso vazio perfeito que comporta
alma finita em carne amortalhada,
Dessa presença inerme inanimada,
move apenas miragem absorta...
uma sombra do corpo desmembrada.