ALÉM DO TEMPO

Desfilam semblantes esmaecidos

no esforço da memória já precária.

Não existem laços esquecidos

mas sim, o avanço da amnésia temerária.

Em áureos tempos cada instante era presente

tivessem passado um dia ou vários anos.

Hoje é uma lembrança opaca e indolente,

um fiapo, um sinal puído em toscos panos.

Sou farrapo de seda, fio já gasto...corroído,

abrasado pelo tempo sempre inclemente

como escarpa desfeita pelo oceano enfurecido.

Também serei um dia passado simplesmente

na memória das eras de alguém muito querido,

quando viajarmos para além do tempo...novamente.