O rio e o mar
 
Fui como nascente surgido das terras
Correndo entre pedras com a minha pressa
Sem saber adiante, sem prever as quedas
Torcendo-me enquanto recebia as levas
 
Ora os afluentes de sabedoria
Rios de alegria que me engrossavam
De cujas origens pouco interessavam
Eu só festejava e me fortalecia
 
Ora apareciam águas que manchavam
Que se misturavam com tal barbaria
Que eu jamais seria o que antes me achava
 
Eu serpenteava e em remansos parava
Não mais me importava a selvageria
Só esperava o dia da morte salgada