TERÇOL
Todo dia alguém morre
de saudade de outro alguém.
Todo dia alguém corre
com medo de não alcançar ninguém.
Todo dia ninguém me socorre
do porre que não me convém.
Todo dia tem um novo score
a diminuir do total que tem.
Vinte quatro horas do todo
a aproximar-me do lodo
que sepulta toda criatura.
Entre o nascer e o por do sol,
no bordo das pálpebras o terçol
que o vento inflama com ternura.