GENTE NUA




Muitas vezes encontro pela rua,

sob marquises, gente adormecida...

Esfarrapada, suja e seminua,

que no relento, arrasta sua vida!



Quando acorda, o sol já vai bem alto.

Com gestos lentos, dobram cobertores,

bem devagar, sem nenhum sobressalto

como fossem veteranos atores...



Sem pressa, nessa vida sem destino

pisam os passos do não sei pra onde...

levados quiçá, pelo desatino.




Pra trás, ficaram todas as lembranças...

Nada perguntam e ninguém responde.

Sombras nuas seguem, sem confiança!



Zélia Nicolodi
Enviado por Zélia Nicolodi em 23/08/2007
Reeditado em 08/11/2007
Código do texto: T619851
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