AS SEMENTES DO CÉU
Com fantasiadas sementes vindas do Céu,
Que por si não são chuva, nem neve, nem vento
Mas são, apenas, um vão e solto fermento
Que de uma estranha e fraca aeronave desceu.
Nos cinzentos planaltos que o fogo lambeu
Cai agora, porém, um fictício acalento
Que deixará nas almas descontentamento
E a denúncia que um outro negócio nasceu.
Foi-se a enxada, o ancinho e até o tractor,
Vêm do alto gramíneas e leguminosas,
Qual da Rainha Santa o milagre das rosas
Em vez da sementeira do pão e do amor…
- Ó fauna e ó flora, como haveis de crescer,
Sem o trato perene da terra lavrada?
- Cá nesta “primavera” do tudo e do nada
Que fruto semeado é que haveis de colher?
- Ó sementes do céu, mascaradas de terra,
Que esperança ou mistério tudo isto encerra?
Frassino Machado
In JANELAS DA ALMA