AS SEMENTES DO CÉU

Com fantasiadas sementes vindas do Céu,

Que por si não são chuva, nem neve, nem vento

Mas são, apenas, um vão e solto fermento

Que de uma estranha e fraca aeronave desceu.

Nos cinzentos planaltos que o fogo lambeu

Cai agora, porém, um fictício acalento

Que deixará nas almas descontentamento

E a denúncia que um outro negócio nasceu.

Foi-se a enxada, o ancinho e até o tractor,

Vêm do alto gramíneas e leguminosas,

Qual da Rainha Santa o milagre das rosas

Em vez da sementeira do pão e do amor…

- Ó fauna e ó flora, como haveis de crescer,

Sem o trato perene da terra lavrada?

- Cá nesta “primavera” do tudo e do nada

Que fruto semeado é que haveis de colher?

- Ó sementes do céu, mascaradas de terra,

Que esperança ou mistério tudo isto encerra?

Frassino Machado

In JANELAS DA ALMA

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 08/12/2017
Reeditado em 08/12/2017
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