NEM MESMO A ROSA

Nem mesmo a rosa, em tudo encanto e bela,
Desdenha desse apelo ao só desejo
Que, por destino e fim, não cumpre nela
Por si somente o amar, não como o vejo.
Se o espinho esboça um ‘não’ à posse tola,
Há quem por ‘sim’ traduza tal recusa
– o belo não se entrega a quem o imola
Sem luta, sem batalha a quem mais ousa.
Negando o amor, sincero ou vil cobiça,
Talvez maior a oferta, pois mais rara.
Não pode, entanto, em pejos de noviça
Deter sem prazo a vida em si, tão clara,
Pois logo pesam horas que em segundo
Devolva à terra os dons que nega ao mundo.

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Israel Rozário
Enviado por Israel Rozário em 07/12/2017
Código do texto: T6192923
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