SONETOS ORAÇÕES À VIRGEM MARIA

SONETO DO PERCEBER DA CEGUEIRA - I
Na caminhada o olhar por trás do muro,
Inebria-se só, força iminente,
E cujas mediações não mais se sente,
Humanidade pouca e valor duro.

Apequena-se cada gesto puro
Por saber da fraqueza em si gemente,
Neste corpo cristão aqui temente,
Mas a fragilidade é treva e escuro.

Precisamos da Mãe por nós certeira,
Advogada tão nossa por tais erros,
Que ali nos deixa o céu bem na fronteira.

Mas ainda turvado na cegueira,
pois teve alma moderna com aterros,
P'ra orar longe da eterna vil fogueira. 


UDO
 



SONETO DA LUZ EM SI - II


Não somos deste mundo e seus encantos
Buscam prender no apego o coração,
Fazendo dele própria inanição,
Vivendo quase morto e sem os prantos.

Inda turvado e só, por medos tantos,
Olha a LUX e levanta-se na ação,
Que lhe fez enxergar esta oração:
O combate de muitos, vários santos.

Que viver é buscar solenidade
E ser de todos, tão doce memória,
E ser do chão, tal humus, humildade,

Encontrando-se em LUX, eterna e própria,
Da angélica invenção e da maldade
Fugir para encontrar a MÃE na glória.


UDO
 



SONETO DA GUERRA CONTÍNUA - III


O tambor bate o ritmo todo dia,
Entre cenas simplórias vão testando
A quebra da vontade compassando
E a luta que parece pouca, adia.

Adia seu sorrir na melodia,
Daquilo que parece, analisando,
Algo simples, até exagerando,
Deus é amor e a tudo absolveria.

Por isso nossa mente chama o foco,
Encontrar-se a si mesmo neste vão,
Pela busca do que há tal coração.

Por isso em cada sonho me coloco,
Eu lido com as coisas da emoção,
Orando co'o valor de cada ação.


UDO
 



SONETO DAS QUEDAS - IV


E de pé fica e mesmo que a queda haja,
Fica forte e soberbo e orgulhoso.
Mas a alma se esborracha no estrondoso,
Esta treva traspassa antes que lhe aja.

É vontade do escuro que interaja
Aquela sensação de poderoso,
Até com ares sendo assaz bondoso 
E desabilitando que a Fé reaja.

Mas vai lhe dando a culpa, noção certa,
Pois só assim tem direito de sua alma
De um jeito que a volta é demais incerta.

Pois o escuro agiganta sua oferta,
Tirando do seu dia e noite - a calma,

E você cego exclui a descoberta.


UDO
 



SONETO DA AFIRMAÇÃO - V


E levanta do chão como este sol,
Não tem coragem mais de força alçar,
Porque a reputação, a se manchar, 

Dando voltas e já pego no anzol.

Continua na luta e dela em prol
Das coisas pelo bem comunicar,
Concertando o destino e conciliar
P'ra que a música seja um rouxinol.

Na preclara Maria busca a sorte,
E lutando deveras e vivendo
Porque mantém noção da real morte.

Procura loucamente o pior corte,
Levando-lhe tal cura no ali sendo,
Fazendo tudo para ser um forte.


UDO
 



SONETO DA TENTAÇÃO - VI


Na armadura da quase indestrutível
Fé que segue ampliada e assim robusta,
Nada falta ao escuro, nada custa,
O valor de sua alma tão incrível.

Leva-o a tantos lugares no impossível,
Reajusta o que gosta, mesmo injusta,
Assusta de repente mas degusta
E tentando o tocar mais infalível.

Jogando sua fé no tabuleiro
E querendo-lhe assim relativista
E prestes a lançá-lo no atoleiro.

Vislumbra que o seu dia derradeiro
Seja tão logo e numa doida lista,
Desistir deste céu, flores, canteiro.


UDO
 



SONETO DA NOVA FORÇA - VII


Sente receio e teme aquele frio,
Que o barqueiro provoca navegando,
Das almas junto dele no abismando,
Rejeita o desviver naquele rio.

Eis que entende o caminho do alto brio,
Na verdade do que é vida se achando,
Dos erros do passado vai negando
E tudo que é de mal que eu contrario.

Assim sujeito a ver a bela luz,
Esplendente de Deus em natureza
E poderosa sempre nos conduz.

Não se esconde a verdade e nos traduz
Do que somos e em nós vive a beleza
Da força natural o Bem produz. 


UDO
 



SONETO DO BOM COMBATE - VIII


De Sanctus Paulus, vero tal combate,
De no Bom, por fim, sim - o desejoso!
Mesmo que às vezes seja lacrimoso
E pelo Bem, lutar por desempate.

Deixou-se ele, pois tanto quis resgate,
Nas coisas verdadeiras, muito honroso,
Lutar pelo caminho glorioso,
O que a nós disse sobre o "bom combate"!

E cuidemos na vida deste insumo,
Pela caridade a alma se enriqueça
E não perder visão do nosso prumo.

O Altíssimo de nós nunca se esqueça,
Nostra Sancta Mater nos dê tal rumo,
Faça-nos enxergar bem e a mereça.


UDO
 



SONETO DO SER - IX


Ter do tempo a certeza tão reinante,
D'almas que neste fim, todas se vão,
Fechar o portal quente em devoção
D'Alta verdade em ser tão dela amante.

Pela Virgem Maria assi' imperante
Neste mundo, aos que não têm coração,
E àqueles sim que ainda em comoção,
Buscam-nA no entremeio - Implorante!

Deus fez-se homem buscando doce ventre,
"Stabat mater"* até último dia
E inflamada naquela poesia.

Aceitando a vontade ali mesmo entre
Aquele filho seu que assaz sofria
E os desígnios da Santa Melodia.

 

UDO

(*) Stabat Mater é uma canção lindíssima medieval sobre a Virgem Maria.
 



SONETO TOTVS TVVS - X


Nesta estrada vivente e penetrante,
Por este dom influa Mãe singela, 
Totvs Tvvs* alumia no Alto a Vela,
No caminho tão mundo e verdejante.

Mãe d'amor pura assim fluente e vibrante,
Que sabia de tudo e nos chancela,
Totvs Tvvs*! Ó Ave, Ave, Maris Stella!!!
Prepara-nos na graça, comandante.

Fazer na vida tudo pela graça
E que tudo lhe seja, por seu Nome,
O surgir de um exército que faça

Proeza imensurável que só some
Pelo verbo encarnado e satisfaça
O que por Deus é sempre tal renome.

 

UDO


(*) Totvs Tvvs foi o lema do Santo Papa João Paulo II.