A morte de um poema
Será que pode um poeta sonhador
Intentar, num momento de extrema loucura,
Ao modo dos menestréis, só por aventura,
Partir para um confronto inovador?
Em seu poema acabado de compor,
Perfeito em tema, métrica e rima pura,
Realizar uma tarefa insana e dura:
Sua obra, verso por verso decompor.
Cada palavra, cada sílaba dali,
Separadas cruelmente sem dó nem pena.
Será que alguém pode imaginar a cena?
Um quadro de horror de Salvador Dali.
Embora não se veja sangue na arena
O Significado não está mais ali.