A morte de um poema

Será que pode um poeta sonhador

Intentar, num momento de extrema loucura,

Ao modo dos menestréis, só por aventura,

Partir para um confronto inovador?

Em seu poema acabado de compor,

Perfeito em tema, métrica e rima pura,

Realizar uma tarefa insana e dura:

Sua obra, verso por verso decompor.

Cada palavra, cada sílaba dali,

Separadas cruelmente sem dó nem pena.

Será que alguém pode imaginar a cena?

Um quadro de horror de Salvador Dali.

Embora não se veja sangue na arena

O Significado não está mais ali.

Jota Garcia
Enviado por Jota Garcia em 27/11/2017
Reeditado em 27/11/2017
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