A PLUMA SABE


Sem chão, embora aqui e ali o despiste,
Pardal sem pio nem brio procura a festa
Que baste à tarde, à parca luz que resta,
À pouca côdea, ao grão – razão – alpiste.
 
A vida é pena, a pluma sabe – existe
Em cada pouso o idílio meio besta,
Saudade do que nunca teve, a gesta
Cansada a soar tardia, quase um chiste.
 
Insiste, entanto, e o pombo, cafajeste,
Faz pouco de seu fardo – ah, vida vasta!
Serpina sem Tempesta e o que não preste.
 
A lida é plena e importa pouco a casta,
O que se espera em vão ou o que se veste,
Que a noite a todos cedo ou tarde arrasta.
 
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Israel Rozário
Enviado por Israel Rozário em 25/11/2017
Código do texto: T6182078
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