Borboletinha, moradora de rua

Veste trapos. Do álcool dependente,

Mais velha do que a idade que tem, porém,

Simpática e grata, a beleza lhe vem

Em sorrisos de alma, ainda que sem dentes...

Não tem um lugar certo para dormir

Nas calçadas da cidade, ao relento,

A beber, com sede e fome, o sofrimento

Na "pinga" pedida, pra dor expungir...

Certamente, toda noite, quando dorme,

Revê, lá da janela, o jardim enorme

Da sua mansão luxuosa de outras eras...

E, sobre o papelão na calçada fria,

Vai cumprindo a expiação de cada dia,

Sonhando com jardim florido que a espera.

Sobral (CE), 22 de novembro de 2017

Carlos Augusto Guimarães
Enviado por Carlos Augusto Guimarães em 22/11/2017
Reeditado em 25/05/2024
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