RETRATO ANTIGO
Veja, meu filho, em cima da lareira
Este retrato quando eu era moço:
A face lisa, a vasta cabeleira
E nenhuma ruga ainda no pescoço.
Mas a vida da gente é passageira
E, mesmo sem fazer muito alvoroço,
Cada geração, à própria maneira,
Transmite à outra o original esboço.
Por isso, meu filho, eu não fico triste
Com a velhice porque você existe
E só me retribui felicidade.
Hoje eu vejo você neste retrato
E com a fé em Deus, a Quem sou grato,
Já estou pronto para a eternidade.
(Classificado entre os 20 finalistas do XXVI Conc. Nacional de Poesias Augusto dos Anjos, Leopoldina-MG)