A fome que vai e vem
Um calango no agreste
olhava tão absorto
que parecia estar morto
na pedra, pintura rupestre
uma lagartixa do mato
em mimetismo tacanho
deixava de ser lagarto
e no sol tomava banho
de apetite sempre atento
imantizava insetos
na cadeia de alimentos
abocanhava seu desafeto
e deixava de ser estátua
afinal, a fome é mútua