A fome que vai e vem

Um calango no agreste

olhava tão absorto

que parecia estar morto

na pedra, pintura rupestre

uma lagartixa do mato

em mimetismo tacanho

deixava de ser lagarto

e no sol tomava banho

de apetite sempre atento

imantizava insetos

na cadeia de alimentos

abocanhava seu desafeto

e deixava de ser estátua

afinal, a fome é mútua

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 14/11/2017
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