NA BARCA...
La Barca de Caronte, José Benlliure y Gil, óleo sobre tela,, 1919
'Asciate ogni speranza, voi ch'entrate'
(Deixai toda a esperança, ó vós que entrais)
(Dante, Inferno, III, 9)
Ainda que teu rosto eu não mais visse,
Na vida por triste sina tão marcada,
Na melodia mais sublime que eu ouvisse
Tua imagem estaria eternizada.
Há muito os sonhos de mim partiram,
Comigo seguiram por caminho adverso,
Na barca de Caronte navegaram,
Nessa em que vejo seguir meu universo...
Como poderei agora, amor, prosseguir
Sem nunca mais poder ver os olhos teus?
Que faço ao coração - envolto em negros breus -
Que vislumbro a cada dia se extinguir?
Se não mais te vir ouve os versos que te fiz:
Dir-te-ão que em teus braços eu fui feliz...
Ana Flor do Lácio