ALABASTRINO
Meu olhar se estende ao infinito,
Alabastrino, se detém n' horizonte,
Entristecido, perde-se em desafeto,
Por saber não haver nada que o conforte.
O entardecer é triste se a esperança,
Para quem há muito não a tem - tal como eu -
E fica vendo a sombra descendo em dança,
Apoteótica, ondulando sob o céu...
Meu tempo s’esvai, claramente posso ver,
E ainda que a mortalha, enfim, se apronte,
Pretendo demonstrar sereno fronte...
Quisera ainda desfrutar deste prazer:
De sentir no peito o calor do teu abraço;
Dizer-te que é teu todo verso que traço!
© Ana Flor do Lácio