INCÓGNITA
Com que óculos eu te vejo agora,
Nesta manhã-cinza de fevereiro?
Em que está escrito no letreiro,
Com letras garrafais e bem sonoras,
A tua felicidade em ir-me embora!
Mas daqui em diante, o tempo inteiro,
Serás passado de janeiro a janeiro, e
Tua face o tempo, aos poucos, descolora!
Será com os meus óculos da saudade?
Será com os teus óculos da alegria?
Com que óculos...? Com os teus? Ou os meus?
Só o tempo quem dirá essa verdade,
No passar irrefreável, cada dia
Passará... nessa incógnita dos nossos eus.