INCÓGNITA

Com que óculos eu te vejo agora,

Nesta manhã-cinza de fevereiro?

Em que está escrito no letreiro,

Com letras garrafais e bem sonoras,

A tua felicidade em ir-me embora!

Mas daqui em diante, o tempo inteiro,

Serás passado de janeiro a janeiro, e

Tua face o tempo, aos poucos, descolora!

Será com os meus óculos da saudade?

Será com os teus óculos da alegria?

Com que óculos...? Com os teus? Ou os meus?

Só o tempo quem dirá essa verdade,

No passar irrefreável, cada dia

Passará... nessa incógnita dos nossos eus.

Miguel de Souza
Enviado por Miguel de Souza em 11/11/2017
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