Fotografia © Ana Ferreira
A PUREZA DA INFÂNCIA (PERDIDA)
Não raras vezes julgo ter perdido,
O calor da mão que não mais m' afaga,
E o coração, sentindo-se oprimido,
Não quer pra si tão solitária saga.
Na passagem das horas que não finda
Caminham imagens antigas na lembrança,
Espero, sim, poder encontrar, ainda,
A emoção que há muito não m' alcança...
Do álbum longínquo das memórias,
Uma ou outra marca, já quase extinta,
Eis que surge, envolta em lindas histórias
Qu' inda vislumbro no esmaecer da tinta...
Se a criança que fui fez já a despedida,
Sozinha, sem ela, que faço eu da vida?
Ana Flor do Lácio