PAPEL SEM COR
Tal aquela nuvem que pelo céu passa,
Em melancolia e sem nenhum rumor,
Assim vai a vida a perder a graça,
Enquanto os anos mostram seu torpor.
Lá se vai das coisas todo o esplendor;
O tempo se esvai tal como fumaça,
Deixando somente uma estilha escassa,
Como folhas mortas num jardim sem flor.
E no olhar perdido que um dia brilhou,
Surge uma sombra que ao dia plasmou
Em noites vazias, sem nenhum calor...
Até nossos sonhos tornaram-se breves;
As lembranças são uns rabiscos leves,
De um desenho fosco num papel sem cor...