LANCINADO

As dores inclementes da distância

fustigam-me e padeço entristecido.

O coração se aflige, consumido,

deitando sal no rosto em abundância.

Viver sem respirar tua fragrância

é meu jardim ver todo ressequido,

sem graça, sem vigor, esmaecido,

sem a doçura, a luz, exuberância.

Ferozes, a lembrança, o desalento,

o fel da solidão que me lancina

devastam-me em cruel açoitamento.

Saudade me traspassa... Oh, lança fina!

Sem ti mais tempo, linda, não aguento.

De volta quero ter minha menina.