ESPERA
Minh'alma a esperar-te, vaga sentida...
Sentimento ancho, raro de se ter!
Como se toda a matéria lida,
ainda estivesse por se escrever.
Soneto tramado em rima medida,
feito de amor, em júbilo ao teu ser!
Sensação estranha, tola, descabida,
apaixonar-me sem sequer te ver.
Adormeço entre sonhos desejosos.
Na tua ausência, tudo são despojos
a povoar dias cinzas banais.
O calendário é meu ansiolítico,
que me submeto com rigor de tísico.
Um risco por dia até, enfim, ser pai!