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DESERTOR DA BOÊMIA
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Já não moras mais na madrugada.
Hoje tu és um bem-comportado;
um velho boêmio confinado
no sombrio vau de uma sacada.
 

As serestas tu as pôs de lado
e das noites foges à balada,
pois do vinho já nem bebes nada,
sempre d’alma presa em cadeado.
 

Um boêmio que não mais se presta
a cantar e nem ouvir seresta
– desta, apenas, tu és forasteiro.
 

É melhor, então, eu te propor:
da boêmia, sim, és desertor,
menestrel serás o tempo inteiro.

 

Fort., 06/11/2017.
Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 06/11/2017
Código do texto: T6163910
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