Soneto da Pedra Amada
Tua imagem tem um brio perene.
Encubro meus olhos; prisioneiros.
Por uma vontade cruel, digo loucos.
Eu, tão sã, por ti julgo-me doente.
Em cacos tentas esmiuçar-me
com força e vigor. Tu que és pedra,
nem para o meu tropeço se presta.
Meu âmago, então a ti amarra-me...
Já disse amar-te hoje, oh bendita?
Nem alma vivente tu és! Enfadas
meus dias tua inútil serventia.
Para lançar-te, minha mão hesita.
Preferem teu peso, tão doloridas,
animam-se a viver na tua morta vida.
Jack Sousa