Hediondo
(Interação ao soneto A FRUTA, do Poeta
Carioca)
Irmão, decifra-me este mistério,
Como ligar uma inocente fruta,
Sua pureza doce, impoluta,
Aos ares impuros d’um cemitério?
Seria um desvio de função?
Ali, não mais alimento seria.
Se para isto não tem serventia,
Caída iria apodrecer no chão.
Da união vegetal/animal
Novos odores iriam brotar,
Naquele lugar por si hediondo.
Proximidade procuro evitar,
Quando posso, dele fujo e me escondo,
Sinto, não nego, um horror visceral.