Punhal

Cedo, serve-me o sol saudade, eu nego.

Ah, por onde andas que logo não chega?

O perfume do teu ser não vai embora;

Veemente invade-me os teus lampejos.

Toma-me à fio tuas doces memórias;

Éras meu céu de ingênua contemplação!

Atado teu lume e viço ao meu tendão,

Esbanjava de ti tuas formosas pedrarias.

Escuto barulhos do teu sorriso na sala;

Lágrimas correm e riscam a minha face;

Em vão, ludibrio meu coração, que cala.

De mim nada tenho além do que levaste,

De tu, tenho tudo, feito névoa, não toco.

À aferir-se em nós um punhal, a saudade.

Jack Sousa

Pela fresta
Enviado por Pela fresta em 25/10/2017
Reeditado em 25/11/2017
Código do texto: T6152877
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.