Punhal
Cedo, serve-me o sol saudade, eu nego.
Ah, por onde andas que logo não chega?
O perfume do teu ser não vai embora;
Veemente invade-me os teus lampejos.
Toma-me à fio tuas doces memórias;
Éras meu céu de ingênua contemplação!
Atado teu lume e viço ao meu tendão,
Esbanjava de ti tuas formosas pedrarias.
Escuto barulhos do teu sorriso na sala;
Lágrimas correm e riscam a minha face;
Em vão, ludibrio meu coração, que cala.
De mim nada tenho além do que levaste,
De tu, tenho tudo, feito névoa, não toco.
À aferir-se em nós um punhal, a saudade.
Jack Sousa