Soneto da Descrença
Tomou-me tudo a humanidade
A crença, a vontade, o desejo
Levou-me da vista a verdade
Roubou-me, inclusive, o que almejo
Se em nada posso acreditar
Será farsa aquilo que digo?
Há alguém com quem posso contar
Se até eu tampouco estou comigo?
Restaram-me apenas os versos
Palavras também infiéis
Na constância, são diversos
Camaleões, brincam de ser
Vestem máscaras, são cruéis
Tão impossíveis de se crer