NOTÍVAGO
Saiu pelas vielas da saudade
desnorteado feito um cão sem dono,
pungia a solidão, não tinha sono,
cegado pelo véu da escuridade.
Ao fulminar sensato juramento
provou das ilusões o forte gosto
nas lágrimas sentidas que no rosto
desciam como enxurro violento.
Embebedado pelo sal das dores,
prostrou-se sob a noite apavorante,
ferido por silêncio penetrante,
cercado por delírios opressores.
Por mais que novos rumos se prometa,
murmúrios leva ao colo da sarjeta.