MADRIGAL DA CHUVA
Nunca uma madrugada foi tão abençoada!
Chegou a desejada chuva e foi-se o fogo
E, terminando assim o depravado jogo,
Abriu-se a aurora de uma vida continuada.
Meu madrigal de chuva, minha água clara,
Que vens lavar as mágoas que eu atravessei
Revelou-se-me a Fé que sempre resguardei,
No fundo da minh´ alma, que me é preclara.
Já poderei cantar alegre esta balada
Pedindo à Natureza um terno desafogo
E que atenda este meu angustiado rogo
Para que mate a dor a quem ficou sem nada…
Meu madrigal de chuva, minha crença ignara
Que sempre suspeitou, o que nunca ignorei,
Que alguém metia a mão em jogo fora-da-lei
Semeando a angústia e o mal que nunca sara.
Vinde agora, aves do céu e bichos da terra,
Regressai flores do campo, regressai amores,
Morram os ódios, a vingança e os horrores
E anunciai a todos que s´ venceu a guerra…
Ó chuva, minha irmã, meu prazer e confiança,
Traz para a minha vida a justa temperança!
Frassino Machado
In ODISSEIA DA ALMA