Desgraçado.....
O vulto que avistei, um tanto esquálido,
No espelho destes anos sucumbidos,
Trazia em seu olhar um tempo inválido
E a luz dos seus abismos vis, feridos...
Mostrava em seu silêncio um rosto pálido
Sem luz, aquela luz dos destemidos;
Um arquejo dolorido e um sopro cálido
E lágrimas ardentes e gemidos...
O vulto que avistei no espelho, torto,
Talvez sequer melhor que qualquer morto,
Sangrava em seu peito um fundo corte...
Aquele ser terrível, desgrenhado,
Olhando-se no espelho, desgraçado,
Fui eu quando encontrei a minha morte!
Arão Filho
São Luís-MA, 16 de outubro de 2017