Do tempo



E tem a fortaleza que tu és
E aquele procurar-se em cada canto
E aquela ânsia toda e aquele encanto
Das belas tardes frias nos cafés

E vejo a gaivota no convés
E a chuva a cair qual doce pranto
E ondas que iluminam tanto, tanto
O olhar que ora espio de viés

E onde estás, ali o farol aponta
Não sei se vês, talvez nem se dê conta
Que a luz do tempo espanta o velho breu

Todo esse brilho é o mesmo que recordo
E como é bom saber que estás a bordo
Do barco, ainda, e que o farol sou eu.

Elischa Dewes
Abril / 2004 / RJ