Me sinta...

Soneto inspirado no soneto LAÇOS DESFEITOS

de autoria do poeta fcunha lima.

http://www.recantodasletras.com.br/sonetos/6140671

Estou por aí, em cada estrada trilhada,

em cada seresta, em todos os cantares,

em cada esquina, em todos os bares

que tu frequentas na madrugada...

Estou por aí, contigo sigo a jornada,

sinta minha presença pelos ares,

vou pela brisa e até pelos mares,

me sinta aí, em ti aconchegada...

Mesmo sendo imensa essa distância,

nossos laços nunca desatarei

e os teus sonhos sempre habitarei...

E assim, nada mais terá importância

iremos os dois, laços sempre atados

em sonhos, mãos dadas, apaixonados!

(ania)

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Lindíssimo soneto em interação de autoria do poeta fcunha lima...

Poeta Fernando, te agradeço de coração por tão envolvente soneto!!!

SABOR DE ABSINTO

Em cada pelo do corpo eu te sinto,

E em cada brisa sino o teu cheiro,

Vejo teu corpo nu indo ao chuveiro,

Verdade, é verdade, pois não minto.

Teus lábios têm cor rósea de um jacinto

Plantado, faz teu rosto um canteiro,

Jardim com um trescalo verdadeiro

E um doce sabor de absinto.

Por mais que sonhe, pense ou imagine,

Por mais que o teu verso me ensine,

Teu beijo sabe a uva em sua arinta.

A cama só embala meus pensares,

Meu quarto em que te cuido nos altares,

Revela o meu sonhar pra que te sinta.

(fcunha lima)

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Obrigada poeta Gerailton pelo inspíradíssimo texto...lindo demais!

Sentir! Que mais pode além que se deseje? Que mais se faça, em vão, se não pensar? O que querer, me diga, além do ópio; além do desejo mais fundo, escondido no canto mil léguas além do coração? Nas brechas da alma, nas brenhas do desconhecido, nas ânsias do desespero, no fulgor desbarrancado, na incapacidade de contenção...

Os labirintos se entrincheiram e os passos mais leves e doridos deixam o corpo à mercê da inércia... Gritos, ecos, lamentos; dores sentidas, exauridas, emanadas, enganadas... Que mais? Mais? Menos que o nada sou em versos teus que descrevem a síntese do ego, meu, em pormenores vibrantes, desconexos - com NEXOS - indefensáveis e caudalosamente bem construídos.

Se não há duplicidade nas almas, se não foi acordado os versos que mutuamente se descrevem como íntimos (pessoais), se as palavras são meras repetições do acaso, por que impelem tanto significado ao que não deveria sentir, ser, ouvir, absorver? Nem na coincidência se explica tal omissão de realidade! Omissão? O real nada mais é que uma suposição inserida na dúvida verificável e medida no laboratório da incerteza. Já eu, não tenho dúvidas! Eu vi... Eu senti... Duplo sentido? Claro! Não se pode ser previsível! A licença poética embasa a visão e ampara as loucuras. Quem pode supor entendimento ao coração desvalido de verves? Até a filosofia é carente de poesia; a poesia é livre, soberana, enganadora, detentora de mentiras tão verdadeiras... Não quero mais sentir que as verdades se confundem; prefiro enganar-me com falsas mentiras. Falsas mentiras? Então é verdade! A mentira é tão pura que não pode ser falsa... Logo é verdade! Verdade é que nestes versos, teus, ainda espelho, qual portal, uma sombra da brevidade que grita no silêncio e faz ouvir-se na alvorada, na penumbra, na solidão! Quem tem ouvidos, ouça; quem tem coração, sinta; quem quiser, veja, concorde... Dúvidas? Tem que ter... A certeza é uma suposição relativa, já teus versos, ANIA, são parábolas indecifráveis como a minha quimera...

(Gerailton Cavalcante)