Soneto desleixado
Eu até que tento, mas meu verso é imaturo
e nem no escuro o seu canto me apraz
nem vem, nem traz, é um tanto inseguro
meu lento trem é disperso, é demais
Aliás, diz que vem, que me traz seu manto
crê no entanto no que extrai do inverso
não vê entretanto, que meu ai é canto
de paz, que contém bem mais que confesso.
Meu processo é na pena e no papel
sou fiel quando me acena a rima
vou sem gesso pondo o verso por cima
deu o clima eu abro o beiço pro mel
Deixo ao léo o que foge da mente
e vou somente ao sabor do desleixo.
Josérobertopalácio