Soneto de Ausência
Visto que é invisível
mas, é presença que machuca,
é noite é fria em dais quentes,
é flor murcha na primavera audaz.
Visto que é inexplicável
é dor sentida por quem só se explica,
é lágrima vertida por quem nunca chorou,
é ausência sentida na presença de multidões.
Visto que é a saudade que fica
é o desejo de ir na ilusão de um encontro,
é o platonismo desejado no calor de um beijo,
é a contradição de um adeus que nunca será dado.
Visto que é o poder latente da falta
é o verso que sangra no pedido de retorno,
é o amor nunca correspondido na vida que prossegue.