O prazer da descoberta
Há versos que leio uma, duas, três vezes.
Desafiam: “Decifra-me ou te devoro!”
Não me apavoro, só assim me aprimoro,
Em teimosia passo horas, dias, meses.
Como num jogo de adivinhas ou charadas,
Procuro das palavras todos os sentidos.
Nos sons das sílabas ferindo meus ouvidos,
As intenções que são por elas carregadas.
Nada supera o prazer da descoberta,
Saber o que se oculta nas entrelinhas
Daquele verso que esconde uma mágoa,
Alguma perda que o coração aperta,
Uma esperança, uma saudade mesquinha,
Que em poesia o poeta deságua.