DO ESPELHO
Quisera fosse o espelho um mentiroso,
Dissesse o que quiséssemos ouvir,
Não nos mostrasse o lado mais feioso
E víssemos só o belo refletir.
Mas ele, igual ao tempo, rigoroso...
É verdadeiro e não sabe mentir,
O bom é que não é misterioso
E diz tudo o que vê sem se trair.
Embora não enxergue internamente...
Vê no brilho dos olhos de quem olha
Todos os sentimentos lá presentes;
Alguns são como outono que desfolha,
Os outros, primaveras florescentes,
Vê lágrima também, mas não se molha.