PURGÁTORIO D'ALMA

Gastando meus dias da juventude

Por cartas desperdiçadas nessa mesa

Pelas respostas mudas na incerteza

Que o tempo ainda dar-me amiúde.

Por quantos goles vem a desvirtude

A coroar com espinhos minh'aspereza,

Jogando aos pecados essa realeza

Um trono de escaras vivas e ataúde.

No rastejar visceral duma noite lenta

Na ânsia de banhar-me na água benta

Vejo só whiskey e corpos não batizados.

E nos prazeres de frações migalhadas

Vou na poeira dessa deserta estrada

Para tostar minha vida e meus pecados.

Wotson de Assis
Enviado por Wotson de Assis em 03/10/2017
Código do texto: T6132287
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