PURGÁTORIO D'ALMA
Gastando meus dias da juventude
Por cartas desperdiçadas nessa mesa
Pelas respostas mudas na incerteza
Que o tempo ainda dar-me amiúde.
Por quantos goles vem a desvirtude
A coroar com espinhos minh'aspereza,
Jogando aos pecados essa realeza
Um trono de escaras vivas e ataúde.
No rastejar visceral duma noite lenta
Na ânsia de banhar-me na água benta
Vejo só whiskey e corpos não batizados.
E nos prazeres de frações migalhadas
Vou na poeira dessa deserta estrada
Para tostar minha vida e meus pecados.