Canção da Noite
Mauro Magalhães
E eu deitei à noite, sobre a relva fria!
E a contemplar o céu eu me perdi no tempo.
Aquele mesmo céu que eu em criança via,
Deitado sobre as pedras de uma escada, atento.
Satélites, aviões, em rotas tão distantes...
As estrelas cadentes e os pirilampos,
Levaram minha alma numa nave errante.
Nas asas da saudade aos infantis recantos.
Da casa em que nasci, nem a tapera resta!
As pedras da escada, enormes, onde estão?
Somente os vaga-lumes teimam em brilhar.
Voltei à realidade em meio a uma seresta
De sapos em concerto e ao som de uma canção:
A voz de minha mãe chamando para entrar.
A voz de minha mãe chamando para entrar.
Patos, abril de 2002.