SONETO XVIII
Se eu pudesse ter asas e voasse
E o meu peito lançasse contra o vento,
Talvez a força do vento arrancasse
Do meu peito a raiz desse tormento.
Ou então, o rasgasse e o abrisse
Sob a força de uma queda d’água,
Quem sabe a força da água o lavasse
E livrasse o meu peito dessa magoa.
O infinito se abre no meu peito
E com essa fenda aberta estou sujeito
A desfazer-me em minha pequenez.
No entanto, se pela fenda aberta
For por onde o amor infindo se liberta,
Então que se arrebente de uma vez!