OFÍCIO SEM FIM
Mostra-me, por favor, senhor coveiro,
onde enterrastes minha terna amada,
no arranjo deste duro cativeiro,
a jovem face em féretro guardada.
São tantos que eu desci ao derradeiro
leito, não posso dar a coordenada
exata, mas te permito ao inteiro
destas campas fazer sua caçada.
Agradeço, isso é tudo o que me resta
na saudade que tanto me molesta.
Em todas essas covas contém nome?
- Na verdade não, mas para que pressa?
Seu ofício é de amar - não se consome -
tal qual o do coveiro, nunca cessa "