O DESENGANADO

O DESENGANADO

Disseram-me que não passo de amanhã;

Para eu me preparar para minha hora...

Não que se tenha escolha, muito embora

A dor que me acompanha feito irmã.

A vida por um fio jaz mal-sã,

À espera d'uma mínima melhora.

De sorte que me indago mesmo agora

Se a morte é uma amiga ou uma vilã.

As horas que me restam em meu leito

Passo silente e só do mesmo jeito,

Com um semblante imóvel, olhando a esmo.

De qualquer forma morro pouco a pouco...

Já nem de todo lúcido nem louco,

Tão-só desapareço de mim mesmo.

Betim - 30 09 2017