RESISTIR, RESISTIR
“À mártir Catalunha”
Nesta frágil tulipa negra me embarco
Qual nostálgica nau da minha compaixão
E, sem que tencione usar de presunção,
Sofro contigo a queda neste ignóbil charco.
Tu és, ó Catalunha, vítima da paixão
Com um limite fugaz, tradicional mas fraco,
Que te impede de ver o justo e claro marco
E te faça romper o teu sonho de libertação.
Depois de séculos e séculos a lutar
Eu temo que não possas ter outro porvir
Senão apenas, e só, o de resistir, resistir
Co´ a tua alma bem viril a palpitar.
Não esqueças teus heróis e outros qu´ hão-de vir
Que o sangue que deixaram foi a sementeira
Da qual renascerá, à luz da tua Padroeira,
Aquela geração que há-de cantar e sorrir.
Tu não és tu! Na mão do povo está a verdade
Que te trará o teu sol e a tua Liberdade!
Frassino Machado
In RODA-VIVA POESIA