Dístico choroso
Eu sou o verso que o soneto nega
sou o verbo errado, a palavra incerta,
sou o poema que não se completa
sou a Lua oculta que o amor não enxerga.
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Sou barco à deriva sem timoneiro
sou a força da emoção do amor nascido
sou o que sobrou daquele amor partido
sou o que a desdita chama companheiro
Sou também aquela mera ilusão
dos sonhos e desejos desvalidos
e vou fantasiando meus gemidos
com as dores que peguei na contramão
do tempo, perdido, fora de hora...
E por isso este dístico chora.
Josérobertopalácio