ANTÍTESE

Não vou me importar com ventos uivantes,

Tampouco olharei para a calmaria.

Desprezo a certeza de ignorantes

E toda clareza do meio-dia.

Detesto folia, sou carnaval.

Sou porta-estandarte sem bateria,

Arquétipo trágico, mas real,

Sem apoteose, sem galhardia.

No poço de sombras, canto e danço,

Invento verdades na tentativa

De, mesmo odiando, parecer manso.

Ajeito um tampão na ferida viva.

Sou cisne feliz, não passo de um ganso,

Ou livre condor de vida cativa.