DISFARCE

DISFARCE

Silva Filho

Finjo-me de morto (fingimento crasso),

Pra não sofrer com tanta fantasia,

Tantos sonhos que estão na poesia,

Muito longe do alcance do meu laço.

O céu vem com a cara de mormaço,

A lua a se esconder... está esguia,

O mar... o mesmo mar de maresia,

O vento não esconde o seu cansaço.

Não sei por que eu fui querer demais,

Desafiando o poder dos temporais...

Precipitando a estória de um morto!

Todos meus sonhos foram nas procelas,

E o meu barco que ficou sem velas,

Preferiu sucumbir longe do porto!

BRILHO EMPRESTADO PELO FERNANDO CUNHA LIMA

ESTADO LATEJANTE

Fcunha lima

Ao fingir-me de morto, francamente,

Todo o meu corpo que já foi amante,

Assumiu um estado latejante,

Da fantasia que se faz ausente.

O sonho que vivia tenazmente,

Dorme tristonho no amor restante,

Sem ter mais forças, de agora em diante,

Nem mais poder lutar daqui pra frente.

Nem sei porque me dediquei a fundo,

Àquele nosso amor que foi profundo,

Aquele sonho que sumiu de vez.

Agora vivo morto de saudade,

Envolto na imensa tempestade,

Ao notar a paixão que se desfez.

O TALENTO E PERSPICÁCIA DA ANIA,

RECEBIDA COM FESTA NESTA PÁGINA.

NA FACE, O DISFARCE...

Ania

Nem sei mais se é ou não fingimento,

esse meu jeito de que tudo está bem,

esse disfarce no rosto de desdém,

ou se é a morte dos meus sentimentos...

Já nem sei mais desse meu abstraimento,

dessas máscaras e farsas que vão além,

lançando esse marasmo em detrimento,

dos sonhos que em mim, eram acalento...

Sonhos tantos, ternurento aconchego

que me enlaçavam, envolviam em magia,

trazendo para o meu mundo a alegria...

Hoje fantasias mortas, só, eu navego,

na face, o disfarce da real acinesia,

no coração, o funeral do que era poesia...