EXCERTO DE UMA CARTA

Grande a saudade? Sim, mais e mais.

Não a mensuro quanto; teria algum sentido?

O sol inda se espreguiça nos trigais

e quem conta cada segundo vencido?

Pássaros dolentes se acolhem nos beirais

e há dias que os vejo entristecidos...

Quem vai saber se as dores dos pardais

agulham mais do que meu peito escarnecido?

Não penses tu que nada sinto; na verdade

a dor oculta é a que mais corrói;

só minh'alma é que percebe o que me dói...

Se ainda te afogueia essa febre de saudade,

me tens ternura e te acolchoa minha carta perfumada,

melhor que essa distância entre nós fique guardada.

Baseado no soneto com o mesmo nome de

Vírginia Victorino - Portugal

Chaplin
Enviado por Chaplin em 17/08/2007
Código do texto: T611961