EXCERTO DE UMA CARTA
Grande a saudade? Sim, mais e mais.
Não a mensuro quanto; teria algum sentido?
O sol inda se espreguiça nos trigais
e quem conta cada segundo vencido?
Pássaros dolentes se acolhem nos beirais
e há dias que os vejo entristecidos...
Quem vai saber se as dores dos pardais
agulham mais do que meu peito escarnecido?
Não penses tu que nada sinto; na verdade
a dor oculta é a que mais corrói;
só minh'alma é que percebe o que me dói...
Se ainda te afogueia essa febre de saudade,
me tens ternura e te acolchoa minha carta perfumada,
melhor que essa distância entre nós fique guardada.
Baseado no soneto com o mesmo nome de
Vírginia Victorino - Portugal