Chuva

(Releitura de um soneto de Suely Andrade)

Essa água que do céu bem escorre

Cai, às vezes intensa, às vezes branda,

Mistura-se com o pranto que corre

E dança rumo ao solo em ciranda.

Ciranda compulsiva, impertinente

Levinha, fininha ou fingida.

Uma, se cai, é dor farta incontida.

Outra cai, finge-se suficiente.

Mas, se falta água, olhos estancam

E o pranto, que os males espantam,

Foge, deixando-me então consciente.

É que chuva ao cair alimenta, cura,

Ao molhar ou encharcar a terra dura,

Mesmo ora escassa, ora intermitente.

Jota Garcia e Suely Andrade
Enviado por Jota Garcia em 17/09/2017
Reeditado em 20/09/2017
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