Chuva
(Releitura de um soneto de Suely Andrade)
Essa água que do céu bem escorre
Cai, às vezes intensa, às vezes branda,
Mistura-se com o pranto que corre
E dança rumo ao solo em ciranda.
Ciranda compulsiva, impertinente
Levinha, fininha ou fingida.
Uma, se cai, é dor farta incontida.
Outra cai, finge-se suficiente.
Mas, se falta água, olhos estancam
E o pranto, que os males espantam,
Foge, deixando-me então consciente.
É que chuva ao cair alimenta, cura,
Ao molhar ou encharcar a terra dura,
Mesmo ora escassa, ora intermitente.