Soneto do desengano
"O amor tem dois efeitos colaterais inevitáveis: a sensação de que é único, definitivo e que a vida é só felicidade, ou, o vazio provacado por uma perda que nos leva ao nada, quando achávamos que com aquele amor teríamos tudo."
Quando o amor se foi levou o sono
E o desengano fez-se dor em nós
Somos dois a procurar de quem o engano
Que fez os planos rasgarem-se pro após?
Quem de nós assume a culpa como dono
Desse dano que ao amor foi tão atroz?
E qual voz em estardalhaço ou piano,
Qual de nós é a vítima, qual o algoz?
Somos dois no cenário da tristeza
A sofrer sem remédio essa vileza
Ou limite a condizer com o mal que enfim,
Pela noite, dói em ti, também em mim.
A verdade disposta em labirinto
Não revela o que sentes e o que sinto.
Josérobertopalácio/AnaGazanneo