Soneto do desengano

"O amor tem dois efeitos colaterais inevitáveis: a sensação de que é único, definitivo e que a vida é só felicidade, ou, o vazio provacado por uma perda que nos leva ao nada, quando achávamos que com aquele amor teríamos tudo."

Quando o amor se foi levou o sono

E o desengano fez-se dor em nós

Somos dois a procurar de quem o engano

Que fez os planos rasgarem-se pro após?

Quem de nós assume a culpa como dono

Desse dano que ao amor foi tão atroz?

E qual voz em estardalhaço ou piano,

Qual de nós é a vítima, qual o algoz?

Somos dois no cenário da tristeza

A sofrer sem remédio essa vileza

Ou limite a condizer com o mal que enfim,

Pela noite, dói em ti, também em mim.

A verdade disposta em labirinto

Não revela o que sentes e o que sinto.

Josérobertopalácio/AnaGazanneo

JRPalacio
Enviado por JRPalacio em 16/09/2017
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