Insônia
É noite. A rua sáxea se eterniza.
Dorme o homem. O cachorro também dorme.
Apenas eu — fantasma multiforme —
Os exames do espírito realiza!
Além, boiava a lua sem divisa.
Estava frio e a névoa densa e enorme,
Lembrava um rosto trêmulo, disforme,
Cujo o olhar de serpente paralisa.
Pés descalços. O sangue se espalhava
Ao palmilhar da tela que eu pintava
A esmo, pelas esquinas mais sombrias...
O pecado reboava pelos cantos,
E eu gemia, rezando para os santos,
Alimentando a cruz das agonias!...
07 de Setembro de 2017.