Morto-vivo
Em minha morbidez vou definhando...
...em aparência horrenda inumana
Desapegado das coisas mundanas
Vejo meu corpo aos poucos se acabando
Constrito, cabisbaixo, desabando
Olhar cadavérico que se irmana...
...com a sombra, em sendas profanas
Vou em minhas amarguras me enterrando
Já nada faço, vou seguindo a esmo
Tão desprendido da vida e de mim mesmo
A pele ressecada e os dentes a ranger
Vou caminhando trôpego e inexpressivo
Silencioso vou vagando entre os vivos
Tal um cadáver que esqueceu-se de morrer